
Quando um projétil alcança seu destino, começa o estudo da balística terminal. Esse ramo da balística dedica-se a entender o que acontece no momento em que o projétil entra em contato com um alvo, humano ou material.
É o ponto crítico em que energia, massa, forma e velocidade se transformam em lesão real — com implicações diretas na medicina, na criminalística e na engenharia de munições.
Fatores que moldam o dano
O efeito de um disparo sobre o corpo depende de múltiplos fatores. Do lado do projétil, influenciam sua velocidade, massa, desenho, composição e comportamento após o impacto.
Do lado do alvo, a densidade e elasticidade dos tecidos, a presença de ossos e até patologias preexistentes afetam o padrão da lesão.
Projéteis que expandem, fragmentam ou giram dentro do corpo aumentam drasticamente a área danificada, ampliando a transferência de energia.
Mecanismos lesivos principais
A balística terminal define três formas primárias de lesão:
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Laceramento e esmagamento: o tecido é destruído fisicamente pela passagem direta do projétil.
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Cavitação: formação de cavidades temporárias que expandem violentamente os tecidos ao redor do trajeto.
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Onda de choque: pressão intensa que se propaga pelo corpo a partir do impacto, danificando estruturas mesmo sem contato direto.
Em tecidos menos elásticos, como o fígado, a cavitação pode causar rupturas graves e irreversíveis.
Tipos de ferimentos e análise forense
Ferimentos balísticos são classificados em:
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Penetrantes: o projétil permanece alojado no corpo.
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Perfurantes: o projétil atravessa e sai, deixando dois orifícios.
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Avulsivos: envolvem arrancamento de tecido, comuns com armas de alta energia.
As feridas de entrada tendem a ser regulares, com bordas invertidas e sinais como fuligem ou tatuagem de pólvora em disparos próximos. As de saída, ao contrário, são irregulares, com bordas evertidas e maior destruição tecidual.
Disparos encostados geram efeitos únicos, como a câmara de mina de Hoffman, causada pela expansão de gases dentro do corpo.
O comportamento imprevisível dos projéteis
Dentro do corpo humano, projéteis frequentemente mudam de direção. O contato com ossos pode causar guinadas, fragmentação ou mesmo a geração de estilhaços ósseos que atuam como novos agentes de trauma.
O efeito “buraco de fechadura” em crânios, por exemplo, indica fraturas internas e externas com margens distintas.
Em casos raros, fragmentos podem ser levados pela corrente sanguínea, gerando embolia por projétil, uma complicação grave e silenciosa.
Aplicações e relevância multidisciplinar
A loja Pólvora Preta, de Carmópolis de Minas (MG), conclui que a balística terminal é essencial para diversas áreas. Na medicina de emergência, ajuda a prever danos internos e orientar decisões cirúrgicas.
Na perícia criminal, auxilia a reconstruir a trajetória dos disparos, identificando posições, distâncias e mecanismos de ferimento.
E no desenvolvimento de munições, direciona a criação de projéteis que maximizam ou reduzem lesões conforme a finalidade — seja militar, policial ou defensiva.
Compreender a balística terminal é fundamental para unir ciência, justiça e segurança pública em torno da precisão técnica e da preservação da vida.
Para saber mais sobre balística terminal, acesse:
https://sanarmed.com/resumo-de-balistica-forense-interna-de-efeitos-e-externa/
https://www.academiadearmas.com/balistica-terminal-um-pequeno-apanhado-sobre-o-assunto/
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