
O interesse de crianças e adolescentes pelo tiro esportivo tem se expandido de forma constante no Brasil. Influenciados por familiares, inspirados por atletas de elite ou atraídos pelo desafio da precisão, muitos jovens desejam iniciar a prática.
A dúvida, no entanto, é inevitável: menores podem praticar tiro esportivo legalmente? A resposta é sim — desde que sejam cumpridas exigências legais específicas.
A legislação brasileira reconhece o valor pedagógico do esporte, inclusive o tiro, mas impõe condições rigorosas de segurança, especialmente quando envolve praticantes com menos de 18 anos.
O que dizem as normas brasileiras
A prática do tiro esportivo por menores é regulamentada principalmente pelo Decreto nº 11.615/2023 e pela Portaria nº 166/COLOG, que estabelecem as faixas etárias permitidas e os critérios para o exercício da atividade com armas de fogo ou de pressão.
Confira como a prática é permitida:
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Menores de 14 anos: não podem praticar tiro, nem com armas simuladas ou de pressão.
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A partir dos 14 anos: é possível praticar paintball e airsoft, sem necessidade de registro como CAC.
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De 14 a 18 anos: é permitida a prática com armas de fogo ou de ar comprimido, desde que haja:
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autorização judicial específica;
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acompanhamento do responsável legal;
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uso restrito a clubes legalizados.
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De 18 a 25 anos: o jovem pode treinar com armas de clubes se possuir Certificado de Registro (CR).
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Após os 25 anos: o atirador pode adquirir e utilizar armas próprias para treino e competição.
Por que a decisão judicial é exigida?
A exigência de autorização judicial entre os 14 e 18 anos tem como objetivo proteger o menor e garantir que ele esteja psicologicamente apto para lidar com as exigências do tiro esportivo.
A decisão é baseada em laudos técnicos, análise do ambiente familiar e avaliação do clube em que o jovem pretende praticar.
Mais do que um procedimento burocrático, trata-se de um filtro de segurança e responsabilidade, considerando o impacto e a natureza da atividade.
Tiro esportivo como formação de caráter
Muito além do disparo em si, o tiro esportivo contribui diretamente para o desenvolvimento de valores e competências pessoais. Quando bem orientado, o esporte ajuda o jovem a cultivar:
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Disciplina e autocontrole emocional
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Concentração prolongada
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Respeito a normas e procedimentos de segurança
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Coordenação motora e atenção ao detalhe
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Responsabilidade individual e coletiva
Por esses motivos, muitos pais enxergam o tiro esportivo como uma opção complementar de formação, desde que praticado em ambientes seguros e legalmente regularizados.
A posição das entidades esportivas
A Confederação Brasileira de Tiro Esportivo (CBTE) reconhece o valor da iniciação precoce no esporte e tem alertado sobre os efeitos das restrições legais no desenvolvimento de novos talentos.
Em sua visão, impedir o início do treinamento durante a adolescência limita a formação de atletas de alto rendimento, algo que países com tradições olímpicas evitam por meio de programas de base bem estruturados.
Dessa forma, a CBTE e outras entidades defendem um modelo mais flexível e educativo, com foco na segurança, no acompanhamento familiar e no estímulo à base do esporte.
Como escolher o local certo para o jovem praticar
A escolha do clube esportivo é um passo essencial para garantir uma prática segura e formativa. Os principais pontos a serem considerados são:
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Registro ativo junto ao Exército e à Polícia Federal
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Estrutura física segura, com monitoramento e acesso restrito
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Instrutores capacitados e com experiência no trabalho com jovens
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Rotinas claras de segurança e protocolos bem definidos
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Presença e envolvimento dos pais ou responsáveis no processo
Um clube estruturado faz toda a diferença na vivência esportiva, no desenvolvimento técnico e na formação emocional do praticante.
Casos excepcionais: a via judicial como alternativa
Apesar da proibição para menores de 14 anos, existem ações judiciais específicas movidas por famílias que desejam autorizar a prática antecipada. Esses pedidos são fundamentados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e na Constituição, e são analisados caso a caso.
Embora sejam exceções — e muitas vezes enfrentem resistência de autoridades reguladoras — essas decisões judiciais demonstram o crescente interesse por uma formação esportiva precoce, mesmo em modalidades menos convencionais.
Conclusão: legalidade, responsabilidade e desenvolvimento
No Brasil, menores de idade podem, sim, praticar tiro esportivo, desde que respeitadas as regras estabelecidas. O processo requer autorização judicial, acompanhamento familiar constante e vínculo com clubes devidamente regulamentados.
A loja Pólvora Preta, de Carmópolis de Minas (MG), aponta que a prática correta do tiro esportivo oferece mais do que treinamento técnico: desenvolve valores e competências fundamentais para a vida adulta.
Ao equilibrar formação, segurança e apoio legal, é possível transformar o esporte em uma ferramenta educativa eficaz, que contribui para o crescimento pessoal dos jovens — sempre com responsabilidade, orientação e respeito às normas.
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